Terceiro filme da trilogia dos romances literários de época
dirigidos por Joe Wright (os outros foram Orgulho
e Preconceito e Desejo e Reparação), Anna Karenina é o mais irregular.
Adaptando desta vez o obra do russo Tolstoy, o longa narra a história da
personagem título (Keira Knightley), uma mulher casada com o político Alexei
Karenin (Jude Law) e que se envolve em um romance com o nobre Vronsky (Aaron
Taylor-Johnson). Este, por sua vez, está prometido à princesa Kitty (Alicia
Vikander), que é alvo da paixão do rico Levin (Domhnall Gleeson). Uma trama
novelesca que também traz como personagens o casal Dolly (Kelly McDonald) e Oblonsky
(Matthew Macfadyen), este último irmão da protagonista, que tentam manter um casamento fracassado e infeliz.
Gravado quase inteiramente dentro de um teatro, o
que reforça o tom melodramático e pomposo da obra, a obra permite que Wright
realize vários tipos de experimentações: cenários que se movem,
planos-sequência estilizados, trocas de figurino em cena, etc. Aí se encontram
os maiores destaques de Anna
Karenina, com direito a sequências belíssimas, em especial o longo plano
durante um baile que mostra, pela primeira vez, Karenina e Vronksy tendo algum
tipo de contato físico. Da mesma forma, o diretor utiliza a teatralidade também
como alívio cômico e abusa dos planos líricos e simbólicos. Nesse ponto, a
direção de arte, a fotografia e o design de som criam uma ambientações perfeitas e mudanças completas de ares dentro de um espaço limitado.
Mas toda essa atenção dada à parte técnica e
artística da obra é deixada de lado em relação ao roteiro e à narrativa. A
história parece corrida, os personagens vêm e vão sem que nos identifiquemos,
tudo parece batido e já visto antes. Keira Knightley chama a atenção mais por
sua magreza mórbida e suas caras e bocas do que por sua personagem. Sua Anna
Karenina é uma figura inconstante e tediosa, e a atriz não se esforça muito
para mudar essa impressão. Por outro lado, Macfadyen possui ótimo timing cômico e carisma, enquanto Jude Law
consegue demonstrar a nobreza de seu personagem - mas ainda assim suas atuações
são somente corretas. Já a história envolvendo o casal vivido por Domhnall
Gleeson e Alicia Vikander (que está bem melhor como a protagonista de O Amante da Rainha) é irritantemente
enfadonha e toda vez que acompanhamos os personagens o filme perde bastante em
ritmo.
Mesmo com vária sequências belas, o fato é que Anna Karenina é uma obra fria, sem emoção. Wright
tenta apelar muitas vezes para o melodrama, mas falha quase sempre. Um
filme ao mesmo tempo lindo e entediante.
Anna Karenina (Reino Unido, 2012).
Dirigido por Joe Wright. Com Keira Knightley, Aaron Taylor-Johnson, Jude Law, Matthew
Macfadyen, Domhnall Gleeson, Alicia Vikander, Kelly McDonald,
Olivia Williams e Emily Watson.
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