quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Os Melhores de 2010 - Parte 2

Antes da derradeira lista dos 10 melhores filmes de 2010, faço aqui uma menção honrosa às seguintes obras, que por pouco não entraram neste post: In the Loop, de Armando Ianucci; Um Profeta, de Jacques Audiard; A Estrada, de John Hillcoat; Amor Sem Escalas, de Jason Reitman; Atração Perigosa, de Ben Affleck; Tudo Pode Dar Certo, de Woody Allen; O Escritor Fantasma, de Roman Polanski; Enterrado Vivo, de Rodrigo Cortés; e Homem de Ferro 2, de Jon Favreau.

Os Melhores filmes de 2010 - 2ª parte:

10. Onde Vivem os Monstros, de Spike Jonze

Poético, traduz em imagens os conflitos, a insegurança e as dúvidas de um menino de 10 anos. Um filme sobre crianças feito para os adultos enxergarem os monstros que vivem dentro de todos nós.

9. A Origem, de Christopher Nolan

O mais novo filme "quebra-cabeças" de Christopher Nolan. Menos ambicioso que Amnésia, mas ainda assim genial, A Origem é provavelmente o filme mais comentado do ano. Mais do que um longa com final espirituoso, Nolan cria um novo universo mitológico.


8. Um Homem Sério, de Joel Coen e Ethan Coen

Um conto brilhante sobre a necessidade humana de explicar o mundo a seu redor. Junte a isso o humor peculiar dos irmãos Coen, que fazem referências e ótimas piadas com a cultura judaica. Uma pequena obra-prima.


7. A Rede Social, de David Fincher

A Rede Social é o Clube da Luta da geração anos 2000. Mais do que a história de como Mark Zuckerberg criou o Facebook, Fincher faz uma leitura de como as relações humanas se dão depois do advento da internet. É o triunfo dos nerds sem tato para com as pessoas sobre os playboys ricos, populares e malhados.


6. Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow

Justo vencedor do Oscar, Guerra ao Terror só chegou aos cinemas brasileiros depois da projeção que ganhou com as premiações. Kathryn Bigelow cria um filme de guerra completo, como há muito não se via: deixa de lado as tramas políticas para ir direto ao front e tratar dos traumas eternos que a presença num campo de batalha pode causar ao ser humano. 

5. Mother - Em Busca da Verdade, de Bong Joon-Ho

O amor de uma mãe pelo seu filho acima de qualquer coisa. Bong Joon-Ho deixou para trás o monstro de O Hospedeiro e voltou a fazer um thriller como o fantástico Memórias de um Assassino. Atuação soberba de Hye-Ja Kim, como a mãe do título.

4. O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella

A obra-prima de Campanella consegue juntar em um mesmo filme diferentes estilos: passa pelo suspense, pelo filme político, pelo romance e pela comédia sem que percebamos a transição. O apuro estético do diretor - que plano fantástico aquele no estádio do Huracán! - não impede que nos esqueçamos do fundamental: os belíssimos personagens.


3. Toy Story 3, de Lee Unkrich

Não dá para esperar menos da Pixar do que uma obra-prima, e mais uma vez o estúdio surpreende. Demonstrando uma enorme sensibilidade, Toy Story 3 já entra para o rol das animações que fazem chorar (e muito). Uma história fundamental sobre amadurecimento e escolhas.

2. Tropa de Elite 2, de José Padilha

Menos polêmico que o original, Tropa de Elite 2 melhora muito o que já era ótimo no primeiro. Com menos ação e mais política, José Padilha traça de maneira brilhante a situação de violência vivida pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil. Desta vez o espectador saiu do cinema refletindo sobre o país e não apenas repetindo frases engraçadinhas.


1. Scott Pilgrim Contra o Mundo, de Edgar Wright

A tradução em imagens do que é ser jovem nos últimos 30 anos. Milhares de referências pop, montagem hipnotizante, personagens cativantes. O longa mais criativo do ano. Edgar Wright ensina com maestria como se fazer um filme-videogame.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Os Melhores de 2010 - parte 1

2010 foi um bom ano para o cinema. A seguir, vai a lista com os melhores filmes lançados no cinema brasileiro este ano. São 20 filmes no total, divididos em duas partes, sendo esta a primeira. A segunda parte virá antes do fim do ano.

Os melhores de 2010 - 1ª parte:


20. À Prova de Morte, de Quentin Tarantino

Depois de três anos de espera, filnalmente À Prova de Morte chegou aos cinemas brasileiros. Não é um Tarantino épico como em Bastardos Inglórios, mas numa época repleta de reboots e remakes, nada como a criatividade do diretor/roteirista para combater o marasmo que tomou conta do cinema norte-americano. Uma homenagem ao cinema que não deixa de ser original.

19. Mary e Max, de Adam Elliot

A animação mais depressiva do ano. Estaticamente belo e com uma história sensível, emociona mais do que 90% dos filmes live action lançados no ano. Difícil não se tocar (e chorar horrores) com a história dos solitários protagonistas.


18. A Fita Branca, de Michael Haneke


Haneke novamente mostra toda a sua falta de otimismo na humanidade, desta vez retratando, em forma de alegoria, o surgimento do nazismo na Alemanha. Mais do que isso, é um filme obrigatório para quem quer entender o autoritarismo e a origem do mal. Destaque para a belíssima fotografia em preto e branco, uma das mais belas do ano.

17. Ilha do Medo, de Martin Scorsese


Scorsese mostrou mais uma que sabe fazer filme de gênero. Como profundo conhecedor da história do cinema, aproveitou para homenagear os clássicos do suspense. Ele aproveita a paranoia norte-americana durante a Guerra Fria para fazer uma interessante reflexão sobre a loucura e suas consequências.


16. Como Treinar o Seu Dragão, de Chris Sanders e Den DeBlois


A melhor animação da DreamWorks desde Shrek (o primeiro). Uma bela história de amizade, que consegue ao mesmo tempo divertir e emocionar sem muito esforço.


15. Vício Frenético, de Werner Herzog


Refilmagem do filme de 1992, o longa de Herzog traz o mesmo protagonista amoral do original. O diretor alemão muda completamente o tom do filme, apelando mais para o deboche e o nonsense, superando a obra de Abel Ferrara. E traz Nicolas Cage em uma das melhores atuações de sua carreira.

14. Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1, de David Yates

A decisão de dividir o último livro em duas partes tem claro propósito comercial, mas ajudou David Yates a produzir o melhor filme da série. Muito mais maduro, aproveita o tempo extra para desenvolver seus personagens e criar grandes expectativas para o derradeiro capítulo da história.


13. As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky


Um filme que trata a adolescência de maneira sensível, sem os clichês e esquematismos de sempre. Difícil não se identificar com o jovem Mano e seus dilemas e dúvidas. A cena em que ele toca desajeitadamente Something no violão para a menina por quem está interessado já se tornou memorável.


12. Sede de Sangue, de Park Chan-Wook


Um filme de vampiros que casa bem com o sueco Deixa Ela Entrar como antídoto aos intoxicados com a água açucarada de Crepúsculo. Chan-Wook retrata um amor às avessas e aproveita para tecer comentários sobre a natureza humana. Tudo com muito sangue e violência, típicos da filmografia do coreano.


11. Kick Ass - Quebrando Tudo, de Matthew Vaughn


A surpresa do ano. Um filme de super-heróis sem superpoderes que realizam o sonho de todo nerd: vestir uma fantasia e sair por aí salvando o planeta. Violento, politicamente incorreto e com a personagem do ano: Hit Girl, vivida pela revelação Chloe Moretz.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Os piores de 2010

Chegou o final do ano e com ele as famosas listas de melhores e piores. Começo hoje com aqueles filmes que fariam um grande favor se tivessem passado bem longe de nossos cinemas. Destaco a presença de diretores que costumam fazer bons trabalhos e que neste ano falharam feio, como Tim Burton, Ridley Scott e Peter Jackson. Nos próximos dias, coloco no ar a lista dos melhores, que virá em duas partes.

Os piores filmes de 2010:

10. A Hora do Pesadelo, de Samuel Bayer
Um horror que deixou os fãs de Freddy Krueger muito irritados. O charme do personagem se foi e ficaram apenas os adolescentes aborrecidos dos outros filmes da série. Um caça-níqueis sem graça.


9. Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton
Tim Burton desfigura completamente a história criada por Lewis Carroll e a transforma uma espécie de As Crônicas de Narnia piorada. Nem Johnny Deep se salva dessa vez, num filme que contribuiu ainda para baixar o ânimo sobre o cinema 3D depois do sucesso de Avatar.


8. Eclipse, de David Slade
A piada do ano. Os dois primeiros filmes da "saga" Crepúsculo ajudaram a alimentar listas como esta, e Eclipse não podia ser diferente. Nada mudou na história e nem deve mudar no próximo. Um filme para adolescentes virgens de todas as idades.


7. Fúria de Titãs, de Louis Leterrier
A segunda refilmagem da lista. O original era divertidinho e só. Já a nova versão tem algumas modificações, mas a história perde totalmente seu charme. De que adianta efeitos digitais sem conteúdo? Sou muito mais os bonecos de massinha do longa de 1981.


6. Robin Hood, de Ridley Scott
Alguém aí se lembra daquele Riley Scott que fazia filmes como Alien e Blade Runner? Robin Hood é mais um passo para trás na carreira desse bom diretor que passou a se contentar em apenas ganhar uma graninha com filmes-pipoca meia-bocas e nada mais.


5. Um Sonho Possível, de John Lee Hancock
Um filme "Sessão da Tarde" (no pior sentido), que ganhou projeção por ter sido indicado ao Oscar. Não fosse por isso, seria lançado diretamente em DVD. Sandra Bullock ganhou sua primeira (e única, esperemos!) estatueta em um filme que prega um american way of life superficial e falido.


4. Nosso Lar, de Wagner de Assis
Um filme honesto. Mas isso não é suficiente para ser bom. Nosso Lar, representante nesta lista da "onda espírita" que atingiu o cinema nacional neste ano, não seguiu o exemplo do bom Chico Xavier, se transformando em um filme artificial em todos os sentidos: das atuações à direção.


3. Meu Malvado Favorito, de Chris Renaud e Pierre Coffin
Uma animação que tinha tudo para ser boa, mas que não funciona exatamente por querer copiar o tem dado certo em outros estúdios. Não diverte nem emociona, o que torna ainda mais gritante a incompetência dos produtores em querer copiar a Pixar.


2. O Último Mestre do Ar, de M. Night Shyamalan
A história e a mitologia da série animada até parecem interessantes. Faltou alguém mais talentoso que Shyamalan para levá-las à tela. Uma confusão do começo ao fim. Faz a gente torcer para que o diretor indiano volte já aos suspenses.


1. Um Olhar do Paraíso, de Peter Jackson
Peter Jackson já demonstrou em outras oportunidades ser um diretor completo, capaz de trafegar por diferentes gêneros em um mesmo filme sem perder a mão. Por causa disso Um Olhar do Paraíso tenha sido tão decepcionante. Um filme que não sabe o que quer ser. Resultado: desastre total. A bomba do ano.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Filmes da semana

Os Mercenários, de Sylvester Stallone
Pode um filme valer por uma cena? Os breves cincos minutos em que Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis dividem a tela em Os Mercenários já se tornaram antológicos pelo fato de reunir três lendas do cinema de ação dos anos 80. Difícil não se divertir com as piadas e as referências à carreira dos próprios atores. Mas a graça do filme termina aí.
No mais, temos os velhos clichês dos gênero: muitas explosões, tiroteios, uma mocinha bonita e indefesa, além de, claro, um ditador latino-americano. Só resta mesmo a curiosidade de ver os nomes consagrados dos filmes de ação juntos, por mais que o longa nem faça jus a tanto glamour. 

A Hora do Pesadelo, de Samuel Bayer
Uma sugestão a Hollywood: ao invés de gastar milhões produzindo uma refilmagem infinitamente pior que o filme original, não seria melhor resgatar o longa de 1984 e levá-lo novamente aos cinemas? Vejamos: o Freddy Krueger original era muito mais divertido, insano e sádico que essa coisa sem graça interpretada pelo Jackie Earle Haley. E querem mesmo comparar o mestre do terror Wes Craven com o novato Samuel Bayer – que tem no currículo só meia dúzia de clipes de Metallica e Green Day?
Além disso, seria muito mais fácil vender o filme como “estreia de Johnny Deep” do que “protagonizado por Kyle Gallner” (quem?). Ajudaria, nesse caso, a dizer para os mais novos o porquê de Krueger ter se tornado uma figura icônica do cinema de horror e não apenas mais um vilão besta que persegue adolescentes chatos. Exatamente o que é mostrado nessa refilmagem sem graça – e sem sustos.

O Último Mestre do Ar, de M. Night Shyamalan
Dizer que Shyamalan atingiu o fundo do poço já se transformou em um clichê. Até porque não podemos duvidar da habilidade do cara em sempre fazer um filme pior. O Último Mestre do Ar é tão ruim que nem sei por onde começar. Seria pela história confusa, sem pé nem cabeça, que a todo momento abandona personagens para trás e não explica conceitos básicos? Ou pelos personagens mal desenvolvidos e sem o menor de carisma? E o que dizer de Dev Patel, atuando pessimamente desde Skins?
Shyamalan pelo menos sempre foi um bom diretor de suspense. O problema é que O Último Mestre do Ar não pertence a esse gênero. E ao invés de seguir a cartilha básica dos filmes de fantasia, o cara resolve inventar: como explicar as sequências de ação filmadas em longos planos, extremamente mal coreografadas e confusas? Será que Shyamalan – que chegou a ser comparado a Hitchcock – quer se tornar o novo John Woo com tantas câmeras lentas? Se essa era a intenção, ele não conseguiu chegar perto nem do Zack Snyder (aquele de 300 e Watchmen e que também adora esse recurso).